sexta-feira, 9 de julho de 2010

meu colar é sua coleira.

'Somos desmemoriados pelo excesso de desejo.

A memória é covarde, não entra em algumas cidades, a imaginação segue sozinha, como sempre.

O que mais me excita é que ela não tira o colar. Nua, branca, sinuosa, resiste com o colar. Já largou a calcinha e o sutiã, e não o colar. Ela é impetuosa, pisa em suas roupas quando vem em minha direção, mas não se afasta do colar.

Não há timidez mais, não há timidez na fome. Ela me encara com suas contas no pescoço. Já nos conhecemos demais e isso aumenta o mistério. A intimidade é perigosa porque é capaz de ferir para aumentar a fragilidade. A surpresa somente existe na intimidade. Intimidade é a confiança dentro do medo.

Nada mais deslumbrante do que uma mulher mordendo o colar. Um dia ainda verei as pedras partindo de seus olhos.' [Caio F.]

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